segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

50 tons - uma história roubada de nós

Eu e mais 70 milhões de mulheres no mundo todo devoramos os três livros da série 50 tons de E.L.James, confesso que quando fui ao cinema assistir o primeiro filme da trilogia me decepcionei bastante - como estou acostumada aos filmes brasileiros regados a peitos e pênis a mostra, e cenas de sexo que não me parecem nem um pouco cenográficas - “50 Tons de Cinza” não me impactou nem um pouco por demonstrar nitidamente a timidez e falta de sintonia entre os atores e isso me tirou a vontade de ver os filmes seguintes para não perder a magia de sensualidade dos livros.

Mas, por total curiosidade e bem após a estreia, assisti o segundo filme, “50 Tons mais Escuros”, e apesar de ter achado o casal um pouco menos desconcertados e as cenas apresentarem uma proposta mais quente notei que apenas Anastasia Steele aparecia nua e em destaque nas cenas mais sensuais, aí me perguntei se o filme, ao contrário do livro, não estaria sendo contado por olhos masculinos, e Bingo! O segundo e o terceiro filme não foram mais dirigidos ou tiveram roteiros escritos por mulheres e sim por homens, o diretor agora é James Foley e o roteirista é o marido da escritora, Niall Leonard.

Segundo sites sobre filmes, a diretora Sam Taylor-Johnson e a roteirista Kelly Marcel se indispuseram com a autora do best-seller e desistiram da sequência. Até entendo que esse tipo de treta aconteça na indústria do cinema, mas quem disse à Universal que homens seriam capazes de reproduzir uma história que foi contada por uma mulher? Não é possível que não existiram diretoras e roteiristas mulheres com competência para dar continuidade aos filmes. Não sei se estou dizendo asneiras ou se estou sendo insana, mas precisava compartilhar que não gostei e me senti violada quando percebi que a historia já não estava mais sendo narrada por Anastasia, mas por Christian.

O livro havia me envolvido de uma forma que nenhuma outra literatura havia feito, e quando vi o segundo filme me senti traída por terem roubado a áurea feminina da história e transformado toda a saga num conto erótico masculino que não necessita de enredo, só de peitos e bundas femininas à mostra. Já estou cansada de ver nossas histórias sendo contadas por homens que acham que sabem sobre nossos desejos e anseios. Fica registrada aqui minha indignação sobre o fato e que pensemos seriamente sobre o assunto.

Um abraço a tod@s,
Por Priscila Messias

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Sou negra sim!

Não sou branca nem preta,
me chamam de morena, mulata ou parda, enfim...
fazem de tudo para me tirar a negritude
e o sangue crioulo que corre em mim.

Alguns dizem que tenho sorte,
de minha pele mais clara ser.
Mas não é sorte ter tido uma ancestral violada
tentando seu povo embranquecer.

Ainda assim sou filha de Dandara, Tereza e Aqualtune
Que não se deixaram vencer
Lutaram, resistiram e deixaram o seu legado
e uma forte mulher me encorajam a ser.

Na verdade, acho que tenho sorte mesmo.
Sorte de ter o espírito da África em mim.
Sorte de ter os cabelos crespos, os lábios carnudos e um largo nariz.
Sorte de poder dizer que sou negra sim!

Por Priscila Messias para todas as mulatas, pardas, negras da cor roubada.


https://alagoas200.com.br/noticias/historia/2017/9/5592-princesas-negras-simbolos-de-coragem-e-resistencia-contra-a-escravidao-no-brasil

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Negra

És bela,
És linda,
És negra.

Seus olhos negros iluminam
como noites de lua cheia.
Seus lábios aquecem
Como fogueira em noites frias.

Seu colo acolhe
como a mãe mais amorosa.
Sua voz ecoa ao longe
como o mais raivoso trovão.

Tu és forte, mulher negra!
E és mais preciosa do que podes imaginar.
Teu corpo é sacro, solitário ou profano,
mas a você, só a você cabe escolher.

Sinta-se bela.
Sinta-se linda.
Por que és, mulher negra!

Por Priscila Messias