quinta-feira, 21 de março de 2013

Social X Religioso

Existem assuntos que são tabus em nossa sociedade e grande parte deles estão relacionados à sexualidade, e a Igreja é uma das maiores e mais fortes instituições que fomentam esses tabus. Chega a ser curioso, e até ridículo, como a vida privada de uma pessoa possa interferir e interessar tanta gente chegando ao ponto de haver mobilizações de cunho religioso a respeito. Não estou me referindo a assuntos como pedofilia, violência e exploração sexual contra crianças e mulheres, isso sim precisa ser discutido e tratado com seriedade pela sociedade em geral, mas a questão se o individuo é homossexual, poligâmico ou faz sexo de cabeça pra baixo, não deveria ser tão importante assim para as pessoas religiosas.

Mas, nem sempre foi assim, nem sempre as opções ou desejos sexuais de alguem era de domínio público e religioso, isso só teve início quando a religião, em especial a cristã, através da Igreja passou a controlar a vida e as atitudes de todos e definindo o que era bom e pra quem era bom, ou se era bom ou não, e à partir daí algumas verdades foram sendo criadas, algumas delas que reforçamos até os dias de hoje. Apesar da Igreja não dominar mais a sociedade, muito de suas premissas continuam a ser difundidas como se não houvesse outras variáveis.

Àqueles que defendem o cristianismo como a única verdade, preciso lembrar-los de que essa mesma religião foi aquela que matou milhares nas "santas" inquisições, em revoltas populares e em muitas outras situações, e ainda, roubou inocentes e alimentou e alimenta as riquezas de muitos, enquanto outros (os próximos) continuam a passar fome e frio, morrer nas vielas e praças, e ser vítimas das maiores atrocidades que um ser humano possa suportar.

Minha crítica não é ao cristianismo, mas aos líderes  religiosos - estes que são tidos como os porta-vozes de Cristo - que difundem que não há direito de se duvidar do que está sendo transmitido. Minha crítica é pelo fato de que o cristão é ensinado a não questionar e aqueles que agem ao contrário são discriminados, banidos e tidos como maus cristãos. Precisamos lembrar que o próprio Jesus Cristo, o precursor do cristianismo, foi um crítico em relação a religião dominante em sua sociedade e um mestre em incentivar o amor pelo próximo independente de condição social ou sexo, ou seja, ele cumpriu a missão de transmitir a todos que, independente de qualquer circunstância, o ser humano precisa ser amado e respeitado.

Sexualidade é PRIVADO e não RELIGIOSO, a busca pelos direitos de uma pessoa homossexual ou uma mulher é uma questão de cunho SOCIAL e não RELIGIOSO, então, fica a dica: existem problemas sociais que de fato precisa causar uma mobilização religiosa como: as injustiças sociais, o descaso e o abandono da humanidade.

Um abço a tod@s

Por Priscila Messias
Pós graduada em Gênero e Sexualidade - UERJ