segunda-feira, 9 de março de 2015

De: Luiz Fernando Veríssimo

"Só tem mulher quem pode!

O desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está a fêmea da espécie humana.
Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem as Mulheres!'
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

- Habitat
Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente.

- Alimentação correta
Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro. Beijos matinais e um 'eu te amo' no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não a deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial.

- Flores
Também fazem parte de seu cardápio - mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.

- Respeite a natureza
Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia, discutir a relação - se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso.

- Não tolha a sua vaidade
É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar muitos sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping. Entenda tudo isso e apoie.

- Cérebro feminino não é um mito
Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente o aposentaram!). Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher. Algumas vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja dessas, aprenda com elas e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres.

- Não faça sombra sobre ela
Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.
Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.

É, meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire gay.
Só tem mulher quem pode!

Luiz Fernando Veríssimo"

segunda-feira, 2 de março de 2015

Violência contra a mulher, até quando?

Outro dia, aguardando o atendimento num banco, conheci uma senhora que "puxou" assunto comigo enquanto não éramos atendidas. Aquela senhora de uns 60 e tantos anos começou a contar sua história que, conforme ia desenrolando, foi me causando uma sensação de impotência sem tamanho.

Ela me contou que ficara casada por 30 anos com um homem que lhe causou muito sofrimento, pois ele batia nela constantemente, a violentava porque se achava no direito de "toma-la" sempre que tivesse vontade e a obrigava consentir com situações que faziam se sentir muito humilhada: como acolher amantes do marido em sua casa junto com seus filhos. Ela disse que tinha sorte de não ter adquiro uma doença sexualmente transmissível, já que o, agora ex-marido, fora diagnosticado com o vírus HIV por conta de sua vida de "putaria" como ela mesmo descreveu. Eu perguntei como ela tinha aguentado aquilo tudo por tanto tempo e, num tom de ressentimento, sua resposta foi a de que não tinha a quem recorrer e não via como sair daquele inferno, já que ela tinha 5 filhos pequenos e não haveria como suster todos eles e abriga-los, pois não tinha quem a pudesse acolher mesmo passando por tanto sofrimento com suas crianças.

Pra meu espanto, a mulher ainda acrescentou que num momento de desespero pensou em fugir e deixar os filhos com o pai até se estabelecer em algum lugar, mas quando voltou de uma ida ao mercado, presenciou o marido molestando sua própria filha de 5 anos de idade, e nesse momento ela disse "se eu fosse embora, ele ia fazer da filha a mulher dele", e mediante àquela situação, resolveu ficar e defender seus filhos do monstro com o qual dividia a vida. Acrescentou que muitas vezes, quando o marido chegava bêbado ou drogado, ela se escondia no mato com suas crianças até o homem ir embora. Essa história se repetiu ano após ano, e só depois que todos os filhos estavam adultos teve coragem de sair daquela opressão. Foi ameaçada de morte, precisou de ajuda de filhos e parentes para ficar segura até o homem ficar doente demais e desistir de persegui-la.

Fiquei tão estarrecida e revoltada, que não tive palavras pra tentar sequer aliviar aquela dor que ela deixou transparecer em seus olhos. Me lembrei das inúmeras histórias semelhantes que ouvi de familiares, senhoras mais idosas e vizinhas. Foram muitas mulheres que se sujeitaram a esse tipo de violência porque não tinham a quem recorrer, e outras que escondiam seu sofrimento porque sabiam que se alguém tivesse conhecimento de sua angústia e tentasse interceder por elas, provavelmente teriam seus corpos e direitos violados de alguma forma.

Hoje temos a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que define os tipos de violências e defende a mulher contra qualquer tipo de abuso. Mas, infelizmente, ainda existem muitas mulheres que sofrem com a violência doméstica (física, psicológica, sexual, moral ou patrimonial) e não tem coragem de expor seu sofrimento para a sociedade. E porque existem tantas mulheres que passaram e ainda passam por essas situações? Por causa de homens, e mulheres também (no papel de mães, madrastas, tutoras, etc), que as vêem como propriedades e não pessoas.

Sinceramente, gostaria de não mais precisar ouvir esse tipo de relato, quero acreditar que nós mulheres estejamos mais bem amparadas constitucionalmente e civilmente para não precisar sofrer com esse tipo de situação. Sei que ainda existem muitas mulheres vítimas de algum tipo de violência, o meu desejo é que elas se levantem e deem o passo em busca de sua liberdade.

Um abço a tod@s
Por Priscila Messias