"Explicação da Ementa: Tipifica como crime contra a vida o anúncio de meio abortivo e prevê penas específicas para quem induz a gestante à prática de aborto." PL 5069/2013
Os movimentos feministas, e pessoas conscientes dos direitos das mulheres estão todos em polvorosa com a questão do PL 5069/2013 de autoria de homens conservadores como Eduardo Cunha, que entendem que mulheres não são capazes de tomar decisões sobre seu próprio corpo, alegando que a vida é maior que a vontade dela decidir se quer gerar ou não.
Acho interessante que na proposta de lei não entra a questão da responsabilidade do pai do feto gerado, esta que é inteiramente da mulher, e também não responsabiliza a sociedade a fim de que dê o apoio necessário para criar uma criança que não foi planejada e nem desejada.
O texto tem palavras bonitas e é todo rebuscado, mas deveria ser redigido da forma como essas pessoas pensam: "Você não transou? Agora se vira! Que passem fome, que essa criança morra no abandono, mas que ela nasça. PS: não quero saber como será a trajetória de vida desse ser".
Vale lembrar, que as mulheres que abortam, fazem isso por escolha, ela não é induzida a isso. Da mesma forma que muitas outras escolhem levar sua gravidez até o final e criar seus filhos gerados num estupro, com riscos ou em um momento não muito propício. É só olharmos as estatísticas de países onde a prática é garantida por lei, provavelmente o número de abortos não ultrapassa os clandestinos aqui do Brasil (milhares não contados).
Então...em contrapartida dos movimentos feministas estão os militantes pró-vida dizendo que a vida é sagrada e que deve ser gerada custe a quem custar! Alegam que Deus não aprova, que a vida é divina e blábláblá...mas nunca vi nenhum deles levar uma dessas crianças pra casa, pra essas pessoas provavelmente Deus irá prover tudo para ela, fará cair maná dos céus e lhes protegerá livrando-os de todo o mal.
Ae, em meio a todo esse alvoroço vejo uma reportagem dia desses, na TV Record, em que 5 crianças ficaram três dias numa casa imunda e sem comida porque a mãe os abandonou, nesse grupo havia um bebê que estava amarrado numa cadeirinha e não tinha forças nem pra chorar mais. Quem informou para os policiais o tempo que a mãe não retornava? Os vizinhos...mas espera ae...porque não fizeram nada durante todos esses dias? Como conseguiram comer e dormir sossegados durante esse tempo ouvindo o choro de fome dessas crianças? Onde estava a sociedade pró-vida nessas horas? E porque Deus não fez nada?
Claro que a culpa é da mãe, ela provavelmente deva ir pro inferno. E os pais dessas crianças? Um deles disse que não tinha ciência da condição das crianças dele, isso não seria negligência do pai também? Se a mãe não quer, o pai deveria assumir, não? E se ninguém quiser a responsabilidade? E os pequenos que crescem em orfanatos e nas ruas, cadê os pró-vida para lutar por eles?
Tenho nojo da hipocrisia de todos vocês!
Se uma mulher entende que ela não tem condições e não quer ter um filho, ela não é irresponsável, muito pelo contrário, esse título cabe a essa sociedade que lhe tira o direito da escolha e que não arca com sua responsabilidade.
Você pode ter suas convicções religiosas assim como eu tenho, mas precisamos entender que o direito ao aborto não é de cunho religioso e sim social. O Estado é laico e deveria ser regido para esse fim.
Você tem todo o direito de ter a opinião contrária a minha, mas pense nisso!
Por Priscila Messias