sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Meu corpo, minhas escolhas...

"Explicação da Ementa: Tipifica como crime contra a vida o anúncio de meio abortivo e prevê penas específicas para quem induz a gestante à prática de aborto." PL 5069/2013

Os movimentos feministas, e pessoas conscientes dos direitos das mulheres estão todos em polvorosa com a questão do PL 5069/2013 de autoria de homens conservadores como Eduardo Cunha, que entendem que mulheres não são capazes de tomar decisões sobre seu próprio corpo, alegando que a vida é maior que a vontade dela decidir se quer gerar ou não.

Acho interessante que na proposta de lei não entra a questão da responsabilidade do pai do feto gerado, esta que é inteiramente da mulher, e também não responsabiliza a sociedade a fim de que dê o apoio necessário para criar uma criança que não foi planejada e nem desejada.

O texto tem palavras bonitas e é todo rebuscado, mas deveria ser redigido da forma como essas pessoas pensam: "Você não transou? Agora se vira! Que passem fome, que essa criança morra no abandono, mas que ela nasça. PS: não quero saber como será a trajetória de vida desse ser".

Vale lembrar, que as mulheres que abortam, fazem isso por escolha, ela não é induzida a isso. Da mesma forma que muitas outras escolhem levar sua gravidez até o final e criar seus filhos gerados num estupro, com riscos ou em um momento não muito propício. É só olharmos as estatísticas de países onde a prática é garantida por lei, provavelmente o número de abortos não ultrapassa os clandestinos aqui do Brasil (milhares não contados).

Então...em contrapartida dos movimentos feministas estão os militantes pró-vida dizendo que a vida é sagrada e que deve ser gerada custe a quem custar! Alegam que Deus não aprova, que a vida é divina e blábláblá...mas nunca vi nenhum deles levar uma dessas crianças pra casa, pra essas pessoas provavelmente Deus irá prover tudo para ela, fará cair maná dos céus e lhes protegerá livrando-os de todo o mal.

Ae, em meio a todo esse alvoroço vejo uma reportagem dia desses, na TV Record, em que 5 crianças ficaram três dias numa casa imunda e sem comida porque a mãe os abandonou, nesse grupo havia um bebê que estava amarrado numa cadeirinha e não tinha forças nem pra chorar mais. Quem informou para os policiais o tempo que a mãe não retornava? Os vizinhos...mas espera ae...porque não fizeram nada durante todos esses dias? Como conseguiram comer e dormir sossegados durante esse tempo ouvindo o choro de fome dessas crianças? Onde estava a sociedade pró-vida nessas horas? E porque Deus não fez nada?

Claro que a culpa é da mãe, ela provavelmente deva ir pro inferno. E os pais dessas crianças? Um deles disse que não tinha ciência da condição das crianças dele, isso não seria negligência do pai também? Se a mãe não quer, o pai deveria assumir, não? E se ninguém quiser a responsabilidade? E os pequenos que crescem em orfanatos e nas ruas, cadê os pró-vida para lutar por eles?

Tenho nojo da hipocrisia de todos vocês!

Se uma mulher entende que ela não tem condições e não quer ter um filho, ela não é irresponsável, muito pelo contrário, esse título cabe a essa sociedade que lhe tira o direito da escolha e que não arca com sua responsabilidade.

Você pode ter suas convicções religiosas assim como eu tenho, mas precisamos entender que o direito ao aborto não é de cunho religioso e sim social. O Estado é laico e deveria ser regido para esse fim.

Você tem todo o direito de ter a opinião contrária a minha, mas pense nisso!

Por Priscila Messias

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Todo brasileiro tem sangue crioulo...

Você ri da minha roupa
Você ri do meu cabelo
Você ri da minha pele
Você ri do meu sorriso...
(Olhos coloridos - Sandra de Sá)

Hoje quero falar de algo que, talvez pra algumas pessoas, possa parecer bobo, mas que diz muito sobre uma mulher e pode refletir em sua auto-estima: o cabelo.

Todas as mulheres, em todas as culturas, dão valor aos seus cabelos, e ter um cabelo bonito é muito importante para todas nós. Muitas mulheres que perderam suas madeixas por conta de tratamentos médicos, precisam do apoio de amigas e familiares para que superem a depressão que a sua nova aparência possa causar.

Mas o grupo de mulheres que sempre sofreu com a questão dos cabelos é o das mulheres negras, com seus cabelos crespos e volumosos. Eu venho de uma família de "sangue crioulo" e como herança genética, além do charme e sorriso largo, herdei traços negros como o cabelo. Sempre sofri por ter o cabelo "ruim" e me lembro de tê-los muito "armados" e volumosos quando criança, e a partir da adolescência mantidos alisados com produtos químicos fortíssimos para que eu pudesse estar ajustada aos padrões de beleza impostos, ou seja, o meu cabelo "duro" não era bonito e isso precisava ser corrigido.

Hoje, existe um grande movimento do resgate da valorização da cultura e características do negro, e temos vistos muitas mulheres e homens assumindo seus cabelos com orgulho e atitude. E observando isso, me pus a pensar, se sou uma mulher tão resolvida, por que não assumo essa minha característica? Sempre adiei essa transição dos cabelos alisados para os cachos porque não fazia ideia de como eles ficariam, mas tomei coragem e decidi: chega de alisamentos químicos, vou deixar meus cabelos serem o que eles foram feitos para ser, cabelos negros!

Precisamos quebrar os estigmas de que ser negro é ruim e que ter cabelos crespos e volumosos é feio, quem impôs isso foi a cultura européia escravocrata que sempre dominou um grupo social que tem um grande poder, mas que vem sido massacrado há séculos. Somos maioria nesse país, quem dirá no mundo, e deixamos que os padrões brancos da pele rosada e cabelos lisos destruam nossa auto-estima.

Estou no processo de mudar meu conceito e aceitar a beleza das minhas características negras, e agradeço a tod@s que demonstraram atitude, que lutam por essa valorização e mudança de perspectiva em relação ao negro mesmo sem se dar conta de que é um militante por essa causa. Ser negro é ser lindo!

Abço a tod@s
Por Priscila Messias

domingo, 13 de setembro de 2015

Dias melhores virão!

Alegrias e tristezas, risos e choros, sonhos e realidades, desses ingredientes é feita a vida!

Todos os dias temos perdas e ganhos, e como lidamos com essas situações e sensações tão adversas é o que nos torna os seres humanos que somos. Experimentar situações tristes nos fazem contemplativos e nos dão a dimensão exata da dor que somos capazes de suportar. Não podemos negar que viver alegrias e conquistas a todo tempo é o sonho de qualquer mero mortal, mas até os deuses viveram perdas e sofreram dores, porque não experimentaríamos tão sentimentos e sensações?

Às vezes temos vontade de fugir de tudo que nos faz chorar, mas nem todas as lágrimas nos fazem mal, pelo contrário, algumas nos fazem mais fortes e conhecedores de nós mesmos e daqueles que nos cercam. São as adversidades que nos farão ver como as pessoas de fato são. Saber rir quando se quer chorar, abraçar quando se quer afastar e partilhar a dor quando se quer calar, são dádivas que nem todos tem o privilégio de ter.

Então, se estiver vivendo qualquer dor, por menor que seja, e tenha alguém que te ama ao lado, alguém que partilha contigo suas dores, angústias e medos, devolva o carinho e amor na mesma medida, ou talvez em escalas ainda maiores, porque isso apenas os unirá e lhes proporcionará as melhores experiências, melhores até do que aquelas vividas em momentos de risos e alegrias.

Apenas viva o que o destino lhe oferece como o prato do dia, e cresça, e adquira experiências; porque a vida é assim, e por isso vivemos: para aprender!

Só não deixe de acreditar que dias de sol virão.
Um abraço a tod@s!
Por Priscila Messias

sábado, 2 de maio de 2015

"Nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera, mas nunca o teu riso, porque então morreria." Pablo Neruda

Sabe aquela figura do príncipe encantado esbelto, bem vestido, cabelos bem cortados e montado em um cavalo branco? Na vida real ele não existe, os nossos príncipes encantados são bem mais comuns e convivem conosco, mesmo que não percebamos.

Minha ideia de príncipe encantado é aquele cara com barba por fazer e que abre um sorriso largo toda vez que me vê à sua frente, ou suspira quando se aproxima de mim e sente o meu cheiro, ou ainda que se encabula e se engasga quando faço um simples elogio. O meu príncipe é aquele cara que sorri toda vez que diz não acreditar que me tem em seus braços.

Não existe o "felizes para sempre", mas sim aqueles pequenos momentos que nos alegra e enche nosso dia de beleza. Aqueles momentos que foram criados pelo acaso para que fôssemos um minuto mais felizes. Ah, Esqueci! O acaso para você não existe, tudo tem um porque e um pra que. Então, que nossos olhares tenham se cruzado porque ver um ao outro é o que lhes faz brilhar; e que o pra que seja de que vivamos um novo começo, cheio de histórias que jamais esqueceremos.

Hoje pude contemplar o seu sorriso, tão singelo e sincero que me inspirou e ainda me fez crer que o improvável pode se tornar possível apenas porque as estrelas concordam que nosso encontro seja perfeito! Que eu seja o motivo desse e de muitos outros sorrisos tão belos, assim como você tem sido a razão dos meus.

Por Priscila Messias

segunda-feira, 27 de abril de 2015

"Sonha e serás livre de espírito... luta e serás livre na vida" (Che Guevara)

Às vezes, vivemos experiências que exigem de nós uma pitada de ousadia e descomprometimento com as convenções. Para alguns isso é fácil, para outros é necessário um esforço maior para romper com as estigmas e culpas que são lançadas para nós a todo o momento. Buscar a liberdade e independência é mais difícil que se pensa, principalmente quando se está cercado de pessoas que não conseguem enxergar a vida com o mesmo olhar que você.

Muitos de nós acabamos desistindo dos sonhos, objetivos e amores porque somos tidos como contraventores que estão desviados dos caminhos retos e perfeitos dos padrões (hipócritas) estabelecidos. Quem insiste em seguir em direção aos seus sonhos e interesses, aqueles que não se importam com as opiniões rígidas e ditatórias da sociedade são tidos como irresponsáveis ou loucos.

Eu me pergunto: será que os ditadores conseguem viver realizações com tantas imposições e barreiras que eles mesmos se impõem? As pessoas ao seu redor, ou eles mesmos conseguem atender a esse padrão de qualidade estabelecido? Na minha humilde opinião e ignorância sobre o assunto, penso que NÃO!

A vida em sociedade é pautada em regras, são compromissos rígidos que precisam ser cumpridos, leis que nem sempre concordamos mas que precisamos obedecer, hora para todas as coisas, formas convencionais de se comunicar, ou seja, existe um padrão de "normalidade" que precisa ser seguido durante todo o tempo. Já que a vida coletiva é um exercício diário de se comportar da forma esperada, acredito que minhas escolhas pessoais e sentimentos não podem ser regidos da mesma maneira para que a vida não se torna pesada e exaustiva, sem razão para ser.

Sinto a necessidade de romper esses grilhões que insistem em me atar ao chão. Quero voar, ser livre para ver o sol que se desponta no alto das colinas e assistir à beleza do céu estrelado numa noite sem refletores. Quero poder amar sem culpa e viver as experiências que me fazem sorrir durante todo o dia. Preciso me sentir mais tenra, mais bonita por estar feliz, me sentir mais eu!

Então, peço aos que me amam que me deixem ser livre para viver minhas aventuras, e que estejam de braços abertos e prontos para me acolher caso eu venha precisar.

Boa reflexão a tod@s!
Abços,
Priscila Messias

domingo, 5 de abril de 2015

"Aquele cara tem mais de 30 e nunca se casou? Acho que ele é gay"

A frase que dá título ao post me inspirou a escrevê-lo porque a ouço com muita frequência por algumas mulheres quando se deparam com homens solteiros depois dos trinta anos de idade. Geralmente esses homens se dedicam ao trabalho, aos estudos e aos sonhos, o que muitas vezes não permite a presença de mulher e filhos em suas vidas, não que não vivam seus romances, eles só não querem abrir mão de seus planos por conta de uma relação que pode nem sequer dar certo. No universo feminino também encontramos situações assim, mulheres com mais de 30 e solteiras são tidas como "amargas porque não têm um homem".

Ou seja, de acordo com esses conceitos, o fato de se escolher não viver um casamento é sinônimo de homossexualidade ou infelicidade. Agora me respondam: desde quando os homossexuais não vivem relacionamentos? E onde todos os relacionamentos geram alegria e realização? Uma coisas não tem nada a ver com a outra, essas são insinuações completamente sem sentido e totalmente sexistas, machistas e homofóbicas. Estar solteiro não é sinônimo de ser gay ou infeliz!

O que a sociedade precisa entender é que nem todas as pessoas entendem a vida da mesma maneira, quantos homens e mulheres precisam se unir em matrimônio pra descobrir que não deviam ter se casado? Quantos outros precisam ser impossibilitados de alçarem vôos, profissionais ou educacionais, mais altos por conta de um relacionamento? Cada um tem o direito de viver suas escolhas sem que sejam julgados por isso.

Então, mude o ponto de vista, se um homem tem mais de 30 e ainda não se casou, é porque talvez a mulher ideal, que vá entender sua dedicação ao trabalho e estudo, não tenha aparecido em sua vida. Quem sabe se não é você essa mulher?

E quanto a mulher que preferiu estar só talvez esteja muito mais realizada do que se estivesse com alguém que não a apoia ao lado. E não a inveje por isso, lute por suas realizações também!

Pense nisso!
Abços a tod@s!

Por Priscila Messias

segunda-feira, 9 de março de 2015

De: Luiz Fernando Veríssimo

"Só tem mulher quem pode!

O desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está a fêmea da espécie humana.
Tenho apenas um exemplar em casa, que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem as Mulheres!'
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

- Habitat
Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente.

- Alimentação correta
Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro. Beijos matinais e um 'eu te amo' no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não a deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial.

- Flores
Também fazem parte de seu cardápio - mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.

- Respeite a natureza
Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia, discutir a relação - se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso.

- Não tolha a sua vaidade
É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar muitos sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping. Entenda tudo isso e apoie.

- Cérebro feminino não é um mito
Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente o aposentaram!). Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher. Algumas vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja dessas, aprenda com elas e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres.

- Não faça sombra sobre ela
Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.
Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.

É, meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire gay.
Só tem mulher quem pode!

Luiz Fernando Veríssimo"

segunda-feira, 2 de março de 2015

Violência contra a mulher, até quando?

Outro dia, aguardando o atendimento num banco, conheci uma senhora que "puxou" assunto comigo enquanto não éramos atendidas. Aquela senhora de uns 60 e tantos anos começou a contar sua história que, conforme ia desenrolando, foi me causando uma sensação de impotência sem tamanho.

Ela me contou que ficara casada por 30 anos com um homem que lhe causou muito sofrimento, pois ele batia nela constantemente, a violentava porque se achava no direito de "toma-la" sempre que tivesse vontade e a obrigava consentir com situações que faziam se sentir muito humilhada: como acolher amantes do marido em sua casa junto com seus filhos. Ela disse que tinha sorte de não ter adquiro uma doença sexualmente transmissível, já que o, agora ex-marido, fora diagnosticado com o vírus HIV por conta de sua vida de "putaria" como ela mesmo descreveu. Eu perguntei como ela tinha aguentado aquilo tudo por tanto tempo e, num tom de ressentimento, sua resposta foi a de que não tinha a quem recorrer e não via como sair daquele inferno, já que ela tinha 5 filhos pequenos e não haveria como suster todos eles e abriga-los, pois não tinha quem a pudesse acolher mesmo passando por tanto sofrimento com suas crianças.

Pra meu espanto, a mulher ainda acrescentou que num momento de desespero pensou em fugir e deixar os filhos com o pai até se estabelecer em algum lugar, mas quando voltou de uma ida ao mercado, presenciou o marido molestando sua própria filha de 5 anos de idade, e nesse momento ela disse "se eu fosse embora, ele ia fazer da filha a mulher dele", e mediante àquela situação, resolveu ficar e defender seus filhos do monstro com o qual dividia a vida. Acrescentou que muitas vezes, quando o marido chegava bêbado ou drogado, ela se escondia no mato com suas crianças até o homem ir embora. Essa história se repetiu ano após ano, e só depois que todos os filhos estavam adultos teve coragem de sair daquela opressão. Foi ameaçada de morte, precisou de ajuda de filhos e parentes para ficar segura até o homem ficar doente demais e desistir de persegui-la.

Fiquei tão estarrecida e revoltada, que não tive palavras pra tentar sequer aliviar aquela dor que ela deixou transparecer em seus olhos. Me lembrei das inúmeras histórias semelhantes que ouvi de familiares, senhoras mais idosas e vizinhas. Foram muitas mulheres que se sujeitaram a esse tipo de violência porque não tinham a quem recorrer, e outras que escondiam seu sofrimento porque sabiam que se alguém tivesse conhecimento de sua angústia e tentasse interceder por elas, provavelmente teriam seus corpos e direitos violados de alguma forma.

Hoje temos a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que define os tipos de violências e defende a mulher contra qualquer tipo de abuso. Mas, infelizmente, ainda existem muitas mulheres que sofrem com a violência doméstica (física, psicológica, sexual, moral ou patrimonial) e não tem coragem de expor seu sofrimento para a sociedade. E porque existem tantas mulheres que passaram e ainda passam por essas situações? Por causa de homens, e mulheres também (no papel de mães, madrastas, tutoras, etc), que as vêem como propriedades e não pessoas.

Sinceramente, gostaria de não mais precisar ouvir esse tipo de relato, quero acreditar que nós mulheres estejamos mais bem amparadas constitucionalmente e civilmente para não precisar sofrer com esse tipo de situação. Sei que ainda existem muitas mulheres vítimas de algum tipo de violência, o meu desejo é que elas se levantem e deem o passo em busca de sua liberdade.

Um abço a tod@s
Por Priscila Messias

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A cerca do aborto por Priscila Messias

Estamos vivendo um momento de manifestações a respeito da liberação ou não do aborto no Brasil. Existem aqueles que concordam que haja uma legalização a respeito do tema, enquanto outros, por ideais religiosos ou pessoais discordam.

Como o aborto é considerado crime resultante em detenção de 1 a 3 anos para a mulher que pedir ou praticar o ato, não se tem um número exato de mulheres que já passaram por essa experiência, então fica difícil saber exatamente o que as motivou a sujeitação aos inúmeros métodos ilegais de interrupção de sua gravidez.

Eu vivi minhas experiências de gravidez já na idade adulta e legalmente casada, minha primeira gestação foi planejada e a confirmação foi motivo de alegria pra toda a família materna e paterna. A segunda já foi um pouco diferente, foi de repente, estava vivendo um momento delicado da minha vida, estava sem emprego, meu companheiro ganhava muito pouco e não estávamos muito bem, inclusive ficou sem falar comigo um bom tempo quando descobrimos a gravidez; mas apesar de todas as dificuldades que apresentei, meus pais estavam lá comigo, me ajudaram em tudo, meu (até então) cônjuge passou a amar o filho e logo as coisas se ajeitaram pra mim e meu bebê. Mas e se tivesse sido diferente? E se eu não fosse privilegiada de ter pessoas que olhassem por mim?

Então tentei ver as coisas por outra perspectiva, tentei me colocar no lugar dessas mulheres, mas é um pouco difícil porque sempre tive uma família que me apoia e um bom pai para os meus filhos, que apesar das dificuldade, sempre estiveram presentes e fizeram e fazem de tudo para que meus descendentes tenham um bom futuro. Então resolvi pensar um pouco numa outra perspectiva, igual a de muitas mulheres que tiveram coragem a se submeter a métodos arriscados para interromper uma gravidez, me imaginei descobrindo a gravidez do meu segundo filho sozinha, sem uma família que me apoiasse, com um outro filho pequeno, sem emprego, e sendo rejeitada pelo pai do bebê. Me imaginei desesperada porque apesar da sociedade não aprovar o aborto, ela me vê apenas como mais uma mulher irresponsável, que engravidou porque não teve cuidado. E aí? E agora? Emprego não conseguiria por estar grávida, nenhuma empresa ou pessoa emprega mulheres grávidas. O que eu faria? Com certeza me passaria pela cabeça a possibilidade de interrupção da gravidez.

Então, refletindo percebi que devemos pensar socialmente, esquecer os paradoxos cristãos e ver a vida como realmente ela é. Um homem que engravida uma mulher, pode simplesmente abandoná-la sem que seja punido por isso, e toda a responsabilidade fica a cargo de mulheres que precisam, sozinhas, encontrar uma solução pra essa situação inusitada e às vezes indesejada. Ter um filho não é apenas gerá-lo, existem muitas coisas envolvidas, inclusive a necessidade de dinheiro, apoio social e familiar.

Imagino a dificuldade de milhares de mulheres que sofreram e sofrem por ter escolhido a opção de interromper uma gravidez, seja por meios legais ou não. Sei que muitas delas se sentem culpadas e sozinhas, porque não podem revelar o que fizeram sem que sofram punições. Em contrapartida abro uma nova discussão, se somos contra o aborto, o que fazemos pelas mães que são obrigadas a levar uma gravidez sem que desejem ou tenham condições para isso?

Se fizermos uma breve pesquisa sobre o número de abortos nos países que o legalizou, percebemos que não são todas as mulheres que o fazem, só as que escolhem, o que é minoria dentro de uma sociedade. Em nosso país a prática do aborto existe por décadas só não temos os números registrados, porque nenhuma mulher quer se expor frente a essa sociedade que nada faz por ela mas que a apedreja na primeira oportunidade, os únicos dados que chegam ao nosso conhecimento é o número das mortes de mulheres que são alvos de inescrupulosos que aproveitam de seu desespero e seu dinheiro.

Vamos parar de demagogias e deixar que mulheres decidam por si mesmas se estão preparadas e se querem passar pela experiência de gerar um novo ser humano.

Um abço a tod@s.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Abaixo a hipocrisia do casamento cristão ideal

Sou cristã e recebi um ensinamento baseado na bíblia e seus preceitos, entendo que seu estudo é fundamental para nortear o povo que professa a fé em Cristo. Basicamente a bíblia nos ensina a enxergar o outro como a nós mesmos e respeitá-lo para que vivamos uma sociedade de paz. Mas não é bem isso que vemos em relação aos ensinamentos atuais.

Tenho acompanhado, através das mídias, a ascensão de pastores que vêm conduzindo legiões de seguidores com seus sermões sobre as "boas maneiras" de um verdadeiro cristão. Dizem como se portar, se vestir, falar e agora como se relacionar. Existem aqueles lideres que defendem o casamento convencional e que pregam que um ser humano não pode se realizar sozinho - esses ministros ensinam seus rapazes a abordarem a moça ideal para casar, retomando a ideia de alguns séculos atrás, e as mulheres são colocadas como "princesas" delicadas e a espera de seu príncipe.

E têm aqueles que determinam como o casal deve viver para o casamento durar até que um dos cônjuges morra (pois divórcio não é algo muito aceitável no meio cristão), esses tentam convencer as mulheres de que seus maridos são seus líderes e que tudo deve ser voltado para eles, pois se o casamento não der certo a culpa é delas que não atenderam qualquer uma das expectativas do homem.

Ainda não entendo porque em pleno século XXI a mulher é colocada como um ser a serviço e prazer do homem. As argumentações colocadas não passam de reforço ao machismo que, infelizmente, ainda impera em nossa sociedade. Vi o vídeo de um pastor que prega que tudo que a mulher for fazer deve ser em favor ao seu marido, sua aparência deve ser baseada no que agrada seu cônjuge, e até o sexo deve ser de acordo com a vontade do homem. Fiquei extremamente aborrecida, confesso.

Não vejo dificuldade em entender que vivemos numa realidade completamente distante daquelas citadas na bíblia, todas as relações com pessoas, dinheiro e crença são diferentes. É preciso que esses pastores e "conhecedores" do universo das relações entre os sexos entendam que uma mulher não precisa de alguém ao seu lado que a trate como menor, não precisa ser gerida, pois tem capacidades cognitivas suficientes para isso; ela precisa dar prioridade ao trabalho e ao estudo, pois sustem sua família; são donas de seus corpos não precisam ter um tutor; e se cuidam e se vestem, não para agradar o companheiro, mas para seu bem-estar.

Defendem que o homem não gosta de mulher ciumenta, ela precisa ser segura, mas isso só ocorre quando a mesma pode opinar e tomar suas próprias decisões, quando podem participar da sociedade, ter amigos e ambientes sociais de convívio. Se o homem não é capaz de crescer e entender que ter uma parceira não é ter objeto ou gueixa que precisa bajulá-lo e servi-lo, ele não serve pra estar ao lado dela.

Acredito num relacionamento onde homens e mulheres se respeitem e se desejem, sem que ela precise ser a tal SUB que tanto se prega. Entendo que enquanto não mudarem essa visão a respeito dos relacionamentos os casos de divorcio no meio cristão continuará a crescer. Hoje temos acesso a informação e sabemos que liberdade é um direito instituído, então porque querer aprisionar as mulheres em relacionamentos se elas podem estar ali por espontânea vontade?

Bom, essa é só a opinião de uma mulher entre as milhares que ficam caladas nos bancos das igrejas por medo das represálias. Então reflita e construa você mesm@ suas próprias conclusões.

Abço a tod@s
Por Priscila Messias

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Meu presente é você!

Trame, planeje, calcule, postule, o quanto quiser. Sempre existirão surpresas à sua frente. Conte com isso!
Henry Miller


Sempre digo que precisamos nos reinventar e recomeçar, e realmente acredito nisso, mas tento sempre calcular minhas tentativas de acertar pra que se algo der errado, os danos sejam menores, só que nem sempre o que traçamos é o que de fato ocorre conosco. O rumo de nossa caminhada nem sempre segue o curso de nossos planejamentos, porque não conseguimos ver muito à frente do que nossos olhos podem alcançar, dessa forma é necessário que tenhamos fé nas indicações que encontramos pelo caminho, assim como numa rodovia quando partimos em viagem para um local que não conhecemos.

A vida nos surpreende toda vez que achamos que já vivemos tudo o que tínhamos pra viver. Quando pensamos que tudo está muito bem traçado, ela vem e nos entrega de presente um pacote bem embrulhado para que possamos abrir e descobrir o que há lá dentro. Existem pessoas que têm medo de experimentar e nem sequer abrem o laço do pacote deixado pra si, outros se decepcionam com o que foi recebido porque não era bem aquilo que esperavam e o joga fora, e têm aqueles que aceitam, abrem a caixa e aproveitam ao máximo a novidade que a vida lhes proporciona.

Acredito que precisamos experimentar as novidades, a gente fica inseguro às vezes e pode até vir a se decepcionar um dia, mas cada momento vivido nos ajuda a crescer. Nossa vida é um compêndio de nossas experiências, sejam boas ou não. E mesmo que o presente oferecido um dia se quebre, vale a pena guardar todas as lembranças dele, as ruins a gente também registra só pra provar para nós mesmos que fomos capazes de superá-las.

Comigo está acontecendo assim, ganhei um grande presente da vida, e como sou curiosa abri o pacote e resolvi ficar pra mim. Daquela caixa saiu uma pessoa muito especial, com seus mistérios e encantos, e com um coração maior do que ele próprio. Não sei o que vai acontecer, só sei que estou adorando essa nova experência. Quero poder cuidar desse presente porque ele é muito raro e bonito, porque com ele perto de mim me sinto mais feliz e plena.

Sei que a vida continuará me surpreendendo, mas espero que em todos esses momentos possa estar disposta a experimentar e curtir tudo que a vida tem a me oferecer.

Um abço a tod@s
Por Priscila Messias