terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Mais sororidade, por favor!

Sororidade: é a união e aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum.

As mulheres travam lutas para sua sobrevivência desde sempre.
Lutaram para ter direito à cidadania, direito sobre seus filhos, direito ao voto, direito a ter fonte de renda, direito a decidir sobre o seu próprio corpo, direito a ter suas próprias escolhas, e lutam diariamente para que esses direitos não lhes sejam roubados.

Mulheres eram propriedade de seus pais e maridos e serviam como moeda de troca e possibilidade de manutenção de status através de acordos nupciais. Aquelas histórias lindas de amor dos tempos medievais e mais modernos do Século XVIII provavelmente eram impossíveis e não passam de contos que escondem verdadeiros shows de horrores para milhares de mulheres daquela época. Vez ou outra, mulheres fortes e corajosas, cansadas de padecer nas mãos de homens que não as respeitavam como seres humanos, se empenhavam em lutas com poucos resultados e mudanças em suas sociedades.

Mas, o final do século XIX foi um momento crucial para nós - as mulheres se viram obrigadas a entrar no mercado de trabalho e se tornaram necessárias para a manutenção da economia em diversos países - foi quando a luta de fato começou. Mulheres que trabalhavam até 18 horas por dia, em condições insalubres e tinham salários bem abaixo do que os dos homens. Depois de um dia exaustivo, vivenciando abusos e injustiças ainda sofriam os abusos em seus lares.

Elas se deram conta que, se eram fortes para lidar com tudo aquilo, também eram fortes para lutar, mesmo que isso lhes custassem a vida. Nesse período existiram mulheres que, por sua posição social ou cultural não precisariam morrer por uma causa humanitária, mas assim o fizeram, pois não pensavam apenas em si mesmas, mas em todas as outras, até aquelas que as julgavam e as apedrejavam. Guerreiras que entendiam o que significava essa tal sororidade.

Com o crescimento do movimento feminista e sufragista, e a partir das vitórias e mudanças geradas nas sociedades ocidentais a alta sociedade patriarcal não se deixou vencer e vem travando uma eterna luta contra nós. São constantes os ataques quando percebem que as mulheres vão dominando espaços antes exclusivos de homens cis, brancos e ricos. A religião, a economia e os governos buscam dogmas, mitos e leis que prejudicam nossas lutas e nos dispersar, e assim a sociedade vai vendo com normalidade situações que nós, que militamos pelas causas femininas entendemos como desrespeito e degradação da mulher.

Aproveitam do medo e da falta de conhecimento para criar discórdia social entre as próprias mulheres, e assim desacreditar nossa luta nos colocando como loucas, histéricas, desajustadas e outros sinônimos mais que tentam descredibilizar nossas reivindicações. Quando falamos em sororidade, falamos em força, unidade e cumplicidade, pois nem todas nós sofremos com as desventuras do machismo presente em nossas sociedades. Eu não sou vítima de violência doméstica, mas existe uma irmã que é. Eu não vivo em extrema pobreza, mas existem irmãs que vivem. Eu nunca sofri violência sexual, mas milhares das minhas irmãs sofrem quase que diariamente. Sororidade quer dizer que preciso aprender a ter empatia pela causa de outras mulheres, porque eu luto não apenas para mim, mas para todas nós.

O feminismo não é uma luta em vão, assim como outras a favor das minorias e segregados, ela tem razão de ser e existir, então, procure se informar, ter sua própria opinião sobre os temas em questão e tenha sororidade pelas irmãs que não têm seus direitos respeitados, independente de sua perspectiva sobre os fatos.


Um abraço a tod@s
Por Priscila Messias

Nenhum comentário: