sábado, 14 de outubro de 2017

O colorismo nosso de cada dia.

Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.
Nelson Mandela

Minha pele não é tão escura, mas o sangue que corre em minhas veias é preto. Apesar de hoje fazer parte (sendo uma pseudo-ativista) de um forte movimento de empoderamento negro, não sofro das mazelas do preconceito racial como muitos dos meus irmãos de pele mais pigmentada. Ser negro num país como o Brasil não é tão fácil quanto parece ser, apesar de mais da metade da população brasileira se declarar de origem afro-descendente, o preconceito racial é muito forte, ainda mais quando atrelado ao preconceito social.

Porque minha pele é mais clara vivo alguns privilégios em relação aos meus irmãos: não tenho sobre mim olhos desconfiados quando entro em uma loja, não sou mal tratada nos locais públicos, não sofri de violência obstétrica, nunca desconfiaram que meus filhos não fossem meus, e nunca fui chamada de macaca ou negra fedida. Mas já vi tudo isso acontecer, e muitas vezes eu fiz parte do grupo que proferia palavras racistas em relação ao outro, preciso admitir. Meus irmãos que têm mais melanina em sua genética já enfrentaram ou ainda enfrentam situações surreais, em geral são tratados com desconfiança e descredibilidade por conta de sua cor.

Não é porque não tenha sofrido esse tipo de preconceito que eu deva ignorar sua existência, o racismo existe e ele ceifa vidas, tira oportunidades e destrói sonhos. O preconceito racial é cruel e tem o poder de destruição imensurável, tal que é capaz de destruir um povo inteiro.

Somos capazes de virar esse jogo e acabar de vez com as injustiças provocadas pelo racismo ou qualquer outro tipo de preconceito: social, de gênero, racial, religioso. Mas para isso é preciso a desconstrução de tudo que ouvimos o aprendemos e estar aberto aos novos conhecimentos. O Brasil precisa ver seu povo de pele negra e sangue crioulo com respeito e dignidade.

Sonho com o dia que isso irá acontecer, vem sonhar comigo também!
Um abraço a tod@s...
Por Priscila Messias

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